“Enquanto estou meditando em meu tempo fugaz, a meia-noite chega, e já estou em outro ano. Então, adeus para sempre 2019! E hei de lembrar-me que, por esse “adeus”, olho minha vida caminhando para seu fim, e que estou avançando para outro estágio, mais perto da eternidade – sem saber se um dia, ou um mês, ou um ano, ou dois, ou mais – serão outorgados a mim.”

 

Olá! Tudo bem? Feliz ano novo.

É chegado o tempo que mais uma vez se repete: as esperanças são renovados e as resoluções são feitas. Mais um intervalo de doze meses começa e é muito comum nesse tempo chamarmos para nós a responsabilidade de fazermos do novo ano o melhor de nossas vidas. A ideia de sermos protagonistas de nossas próprias e de que nada pode nos parar. Há dois anos atrás eu escrevi um texto de ano-novo desejando aos leitores um “(in)feliz ano-novo”. Hoje eu não apenas quero voltar a desejar isso para nós, mas também jogar um banho de água frio no novo ano que se inicia e revermos as nossas prioridades. Uma vez que todo o clima festivo já se dissipou, seja agora a hora mais propícia para isso.

E se 2020 for o seu último ano?

Todo dia 31 de dezembro é sempre a mesma coisa: ao redor de uma mesa farta (pelo menos para alguns) nós nos reunimos com os nossos amigos, irmãos e famílias e juntos sorrimos e celebramos. E no meio de tudo isso esquecemos de algo de extrema importância: estamos nos aproximando de nosso fim. A cada no que se inicia nos aproximamos de nosso fim. Da mesma forma, quanto mais o tempo passa, mais o momento em que será dado o definitivo ponto final na história se aproxima. Quanto mais os dias passam, mas O Dia se aproxima. E aí não haverá mais o que comemorar, o temor se instaurará. O que sobrará será o resultado de nossos feitos. Penso que nós podemos nos esquecer de algumas coisas, mas esquecer de nossa finitude é um erro a não cometer. Esquecer que o nosso último dia chegará é uma total imprudência. Mas por qual razão devemos ter consciência de nossa mortalidade? Para que assumamos o nosso legítimo lugar. Saber que a nossa vida terá um fim deve nos fazer ter uma vida mais sábia, nos levar a nos preocupar mais com os outros e com os nossos feitos. Além do mais, lembrar constantemente de nossa própria morte nos faz refletir que não somos senhores de todas as coisas, de que há algo que nós não conseguimos dominar, que escapa de nossos dedos. Eu não estou falando aqui de sentimentos suicidas e depressivos. Não! Estou falando da quebra de qualquer sentimento de egorreferência, de toda sensação de superioridade. Não! Não podemos fazer todas as coisas, sim, temos limitações. E graças a Deus por isso. Do contrário, por que precisaríamos de um Salvador e de um Deus? Em 2020, antes de criar expectativas e resoluções, tenha em mente todos as vezes que acordar que cada dia seu pode ser o último. Que isso nos cause temor e nos leve a ter uma vida mais prudente, humilde e com temor Àquele que tem o completo domínio do tempo.

Sobre nossa incapacidade

A Escritura é clara ao nos informar que o ser humano é incapaz de gerar qualquer bem de maneira autônoma. Paulo aos Filipenses capítulo 02, versículo afirma enfaticamente que é Deus quem opera tanto o querer fazer o bem como o próprio ato consumado. Tiago, por sua vez, diz que “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 01:17). Tudo isso significa que o ser humano apenas pode fazer o que é bom se o próprio Deus tomar a iniciativa. O que isso faz você pensar? Bom, particularmente imagino que esse pensamento vai de total encontro à nossa sede de protagonismo e ação toda que um novo ano se inicia. Vejo esse comportamento como o velho Adão que teima em ressurgir em nossos corações caídos. O Adão que quer ser igual a Deus, que se engana achando que pode fazer algo. Em 2020, ao invés de traçar planos, metas e ações, prostre-se de maneira sincera diante de Deus reconhecendo as suas debilidades, pecados, limitações e insuficiência. Peça a ajuda d’Ele, pois sem Ele ninguém pode fazer nada (João 15:05). Agarre-se a Ele, abrace-O, ame-O mais do que a você mesmo e coloque-se na dependência d’Ele em todo momento. Ao invés de querer chegar em dezembro com uma lista toda marcadinha de grandes feitos concluídos e com um microfone pronto para se vangloriar do que fez, queira concluir o ano sozinho em seu quarto dando graças a Deus por todas as coisas, reconhecendo que sem Ele você não poderia ter alcançado nada. Agradecendo a Ele por cada problema que esteve debaixo da soberania d’Ele para conformar você à imagem de Jesus Cristo. Sem dúvida alguma, Ele vai preferir que você O glorifique longe dos sorrisos e aplausos e se satisfaça cada vez mais n’Ele como o Seu único Senhor e Consolador.

Que venha 2020. Que o Senhor nos ajude.

______________________________________________________________________________________________________________________P.S.:  O trecho que abre este texto pertence ao escrito “Sobre o último dia do ano”, disponível na íntegra aqui.